A obra de Mary Ellen Richmond é sem dúvidas uma das que mais influenciaram o Serviço Social no mundo.
Produzida a partir dos vetores teóricos e ideológicos que fizeram parte do caldo cultural estadunidense na virada do século XIX para o XX, seus livros Diagnóstico social [Social Diagnosis] e O que é Serviço Social de Caso [What is Social Casework] foram traduzidos para vários idiomas - principalmente o primeiro, no qual a autora faz um esforço de apresentar a sua proposta metodológica para o Serviço Social.
Segue trechos de seus livros:
Visitantes amigáveis e todos os que estão tentando melhorar as condições nos lares pobres devem acolher a experiência daqueles que estão estudando as condições do ofício e outros aspectos mais gerais das questões que afetam o bem-estar dos pobres. Mas não devem se permitir ser varridos por defensores entusiastas da reforma social daquela posição intermediária segura, que reconhece que o caráter está no centro desse complicado problema; caráter nos ricos, que devem aos pobres justiça, bem como misericórdia, e caráter nos pobres, que são senhores de seu destino em um grau maior do que eles reconhecerão. Ignorar a importância do caráter, e da disciplina que produz um caráter, é uma falha comum da filantropia moderna. Tanto os ricos quanto os pobres são retratados como vítimas de circunstâncias de uma ordem social errada. Um escritor político disse que, antigamente, quando nossos antepassados ficavam insatisfeitos, eles iam mais adiante no deserto, mas agora, quando alguma coisa que dá errado, corremos gritando para Washington, pedindo uma legislação especial para nossos problemas. (RICHMOND, 1899, p. 8-9)
1] O socorro deve ser dado individual e privadamente no lar, e que o chefe da família deve ser consultado com todas as questões ao socorro relacionadas. (p. 149)
[2] Devemos buscar as fontes de socorro mais naturais e menos oficiais, tendo em mente os laços de parentesco, amizade e vizinhança, e devemos evitar a multiplicação de fontes. (p. 153)
[3] O socorro não apenas para aliviar o sofrimento presente, mas para promover o bem-estar futuro de quem o recebe. (p. 157)
[4] Em vez de dar um pouco a muitos, devemos ajudar adequadamente àqueles que ajudamos. (p. 159)
[5] Devemos ajudar os pobres a entender as relações corretas das coisas, declarando claramente nossas razões para dar ou reter o socorro e exigindo sua sincera cooperação em todos os esforços para sua melhoria. (p. 160)
[6] Devemos encontrar a forma de socorro que melhor se ajuste à necessidade específica. (p. 162)
Publicada em 1917, a principal obra de Richmond (1950), Diagnóstico social, levou 15 anos até a realização final. Configurou-se a partir de ampla investigação de natureza documental e junto a um significativo número de suas colaboradoras sobre o conteúdo e a forma das atividades desenvolvidas pelos agentes sociais no exercício de suas atribuições institucionais. Considerava a necessidade de reunir noções técnicas básicas e comuns de procedimento metodológico ao conjunto dos assistentes sociais extensivo àquelas que não estavam voltadas diretamente aos casos individuais, tomando como exemplo atividades como a Medicina e o Direito em suas diversidades de especializações.
Em Diagnóstico Social Richmond (1950, p. 8) partilhava com os reformadores sociais da Europa e dos Estados Unidos o questionamento à prestação da assistência com base em critérios puramente econômicos e até repressivos, concordando com aqueles que, junto à necessidade de concessão de auxílios, “estudavam e desenvolviam as capacidades latentes desses indivíduos” (Idem, p. 8).
RICHMOND, Mary Ellen. Friendly visiting among the poor: a handbook for charity workers. Nova York, Londres: Macmillan & CO, 1899.
Tenha material completo de Mapas Mentais Clique aqui e saiba mais
Comentarios