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Foto do escritorDanielle Vidal de Aguiar

Gramsci: Pensador Italiano e sua Influência no Serviço Social

Atualizado: 13 de jun.


Gramsci: Pensador Italiano e sua Influência no Serviço Social

Antonio Gramsci (1891-1937) foi um filósofo, jornalista e político italiano, considerado um dos principais teóricos do marxismo do século XX. Sua obra, marcada por uma profunda análise da sociedade capitalista e das relações de poder, teve um impacto significativo no Serviço Social, especialmente no Brasil. Gramsci: Pensador Italiano e sua Influência no Serviço Social

Vida e Obra

Nascido na ilha da Sardenha, Gramsci se filiou ao Partido Socialista Italiano em 1914. Tornou-se um dos principais líderes do Partido Comunista Italiano após sua fundação em 1921. Em 1926, Benito Mussolini instaurou a ditadura fascista na Itália e Gramsci foi preso, permanecendo encarcerado até sua morte em 1937.

Durante seus anos na prisão, Gramsci escreveu extensively sobre diversos temas, incluindo filosofia, política, história, literatura e cultura. Sua obra mais conhecida, os Cadernos do Cárcere, reúne reflexões sobre a sociedade italiana, o papel do Estado e a construção da hegemonia.

Influência no Serviço Social

As ideias de Gramsci tiveram um grande impacto no Serviço Social brasileiro, especialmente a partir da década de 1970. Sua análise da sociedade civil como espaço de disputa de projetos políticos e ideológicos contribuiu para a compreensão da profissão como um instrumento de intervenção social e política. Gramsci: Pensador Italiano e sua Influência no Serviço Social

Conceitos-chave

Alguns dos conceitos gramscianos que mais influenciaram o Serviço Social são:

  • Hegemonia: A conquista do consenso e da direção da sociedade por um grupo social dominante, não apenas pela força, mas também pela persuasão e pelo convencimento.

  • Sociedade civil: O espaço da vida social onde se desenvolvem as relações entre os indivíduos e as instituições, como a família, a escola, a Igreja e os sindicatos.

  • Guerra de posição: A estratégia de luta pela hegemonia em sociedades capitalistas avançadas, onde a dominação se dá principalmente através da cultura e da ideologia.

  • Intelectual orgânico: O profissional que atua como mediador entre a teoria e a prática, articulando o conhecimento com as lutas populares.

Gramsci no Brasil

A obra gramsciana foi publicada pela primeira vez no Brasil entre os anos 1966-1968, época em que, já na vigência de uma ditadura militar, época em que o comunismo era atrelado a regimes totalitários, violentos, e o medo disseminado entre a população por diversas instituições. Apesar da mobilização de vários intelectuais ligados ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) na edição e circulação dos escritos de Antonio Gramsci, a empreitada teve pouca repercussão.

No campo da educação e do serviço social, sobretudo nas pesquisas relacionadas às políticas públicas, permanece até os dias atuais como importante referencia.

É Gramsci que apresenta uma noção de hegemonia mais elaborada e adequada para pensar as relações sociais, sem cair no materialismo vulgar e no idealismo encontrados na tradição.

A noção de hegemonia propõe uma nova relação entre estrutura e superestrutura e tenta se distanciar da determinação da primeira sobre a segunda, mostrando a centralidade das superestruturas na análise das sociedades avançadas.

Nesse contexto, a sociedade civil adquire um papel central, bem como a ideologia, que aparece como constitutiva das relações sociais. Deste modo, uma possível tomada do poder e construção de um novo bloco histórico passa pela consideração da centralidade dessas categorias que, até então, eram ignoradas.


Contribuições para o Serviço Social

A influência de Gramsci no Serviço Social brasileiro se traduziu em diversas contribuições, como:

  • Ruptura com o assistencialismo: A superação da visão assistencialista do Serviço Social, que o via como uma mera caridade, para uma perspectiva que o reconhece como um instrumento de defesa dos direitos sociais e da construção de uma sociedade mais justa.

  • Valorização da práxis: A centralidade da práxis no processo de intervenção profissional, entendendo que a ação do assistente social deve ser baseada na teoria e na análise crítica da realidade social.

  • Compromisso com as classes subalternas: O reconhecimento do papel do Serviço Social na luta por emancipação das classes subalternas, defendendo seus direitos e interesses.

  • Ética profissional: A importância da ética profissional no trabalho do assistente social, com base em valores como a justiça social, a solidariedade e o respeito à diversidade.

Conclusão

O pensamento de Antonio Gramsci continua a ser uma referência importante para o Serviço Social brasileiro. Sua análise crítica da sociedade capitalista e suas reflexões sobre o papel dos intelectuais orgânicos fornecem ferramentas valiosas para a compreensão da realidade social e para a construção de uma práxis profissional comprometida com a justiça social.


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